E quando o cara tem uma libido mais do que exacerbada? Eu garanto, elas também podem reclamar.
Tarado, viciado, compulsivo, sem controle
Demorei muito para perceber o que realmente acontecia comigo. Meus pensamentos, vontades e atitudes eram diferentes de todos que conhecia. Nas conversas com amigos, fazia de tudo para que o papo fosse para o lado sexual. Não que eu fosse um entendedor do assunto, não mesmo. Mas eu me sentia mais seguro, mais tranquilo ao falar só disso.É como se o mundo ao meu redor girasse com um eixo de putaria, movido por sexo.
É estranho pensar, sei bem. Mais estranho ainda é ver como as pessoas reagem. Não, eu não saio por aí dizendo que sou um tarado,viciado em sexo. No entanto, fica fácil perceber. Bastam alguns minutos de conversa. Se for com mulher, bastam alguns segundos.
Quando se tem isso em demasia, não há como fugir. Você se entrega. As conversas sempre com tom sexual, os olhares sempre direcionados às áreas mais eróticas das mulheres. Para a boca ou para o colo, tenho olhar de desejo. Isso ajuda muito na hora da conquista, mas não é bacana na hora de conversar com uma chefe gostosa.
“Canalha!”
Na hora em que fico com uma mulher o pensamento é somente no sexo. Todos os impulsos, desejos e pensamentos levam à putaria. Sem me preocupar com o lugar, sem me importar com quem está em volta. Apenas quero saciar a minha vontade. Não há controle. É mais forte que tudo.Por isso é tão difícil pensar em um relacionamento sério. Talvez eu nem deixe chegar a esse estágio. Visando sempre o sexo, não posso exigir muito da mulher depois. É como se eu já tivesse atingido minha meta com aquela mulher e estivesse pronto para sair em buscar de uma nova conquista.
O vício por sexo, no meu caso, não se restringe a sexo com a mesma pessoa. Tenho de me satisfazer com mulheres diferentes, em locais diferentes. Gosto de ser um tarado por completo. Não gostava, mas já que sou assim é melhor aproveitar e usufruir de tudo que posso conseguir. Não é por acaso que as mulheres me chamam de canalha e vagabundo.
Aceito as críticas, mas não quero mudar. Já tentei e não consegui.
Vício + Internet = motel ou pornografia
É melhor continuar assim, mesmo com a repudia de alguns amigos e parentes próximos. Alguns, inclusive, evitam falar de mulher perto de mim, já que sabem que vou levar o assunto para o sexo – o lado mais sujo do sexo. Sempre comentando de gozadas na cara, sexo anal, putaria das boas. Acho que eles não gostam por não terem curtido muita coisa que eu curti. Recalque, talvez.Digo sem vergonha que curto a vida. Não da maneira mais idealizada, nem muito menos a forma que minha mãe imaginou pra mim quando nasci. Busco maneiras e meios estranhos de conseguir saciar o meu desejo sexual.
É comum entrar em salas de bate-papo e buscar mulheres fáceis, que querem apenas sexo casual. A sorte, talvez, é que eu ainda tenha um pouco de seleção. Não saio transando com qualquer uma. Apenas porque nunca deixei o desespero bater.
Nos chats, vou direto ao assunto. Começo uma conversa e com poucos minutos já mostro para o que entrei. Se a mulher não curte o mesmo que eu, parto pra outra, afinal, o tempo é mais que precioso. A busca é meio cansativa, preciso ficar atento a todas que entram pra poder filtrar a que realmente pode me interessar e curtir um sexo casual.
Ao conseguir, adiciono as mulheres no meu MSN falso. Não faria a burrice de me mostrar realmente. Um nome falso, uma foto da barriga ou até mesmo de pênis e lá estou em mais uma conversa marcando o local da transa. Como entro na parte da noite, costumo marcar sempre em motéis e com as mulheres me buscando em casa. Um pouco de segurança não faz mal.
Esse mesmo MSN é o que eu uso para manter sexo virtual. Infelizmente não é todo dia que consigo sexo e ficar sem prazer algum não está nas minhas hipóteses. Dessa forma, uso de toda persuasão para conseguir strips, showzinhos e conversas por telefone só para me saciar. Às vezes deixo as mulheres me verem. Questão de ego, sabe como é.
Gosto de saber que elas me acham sexy, com um corpo bonito e com um pau bacana. Talvez seja um dos pontos alto da conversa: ela me elogiar, inflar meu ego.
Se não há mulheres disponíveis, parto para o que eu chamo de “apaga incêndio”: pornografia na internet. A facilidade que temos hoje para encontrar todo o tipo de material é gigante, beira o absurdo. Vários sites possuem vídeos gratuitos, vários com fotos, ensaios e tudo mais. É um verdadeiro harém para quem não consegue ficar sem sexo por um dia.
Os filmes eu costumo até baixar e deixar no PC, primeiro para poder usar com as mulheres. Gosto de vê-las tendo prazer olhando e imaginando tudo aquilo acontecendo com elas e depois, vai que eu fico sem internet por qualquer motivo? Como saciaria a minha vontade? Sim, eu penso em tudo.
Tenho certeza que muitos devem achar que isso é a vida que pediram a Deus. Sexo sempre, sem preocupação. Mas não é bem isso que acontece.
Sexo como fuga
O sexo passou a ser uma resolução de problemas. Se estou mal, transo para esquecer. Se tenho muita coisa acontecendo de ruim, transo pra não focar no que tenho de fazer. Excesso a excesso, vou transformando o sexo em uma fuga da realidade.Com o passar do tempo fui vendo que a frequência de sexo que eu conseguia já não era mais suficiente. Precisava de um pouco mais para ter a mesma satisfação de antes. E agora, parceiro, isso só tem aumentado. É como se agora fosse preciso duas mulheres para que eu tenha o prazer de uma transa. E, claro, nem sempre dá pra conseguir tal cenário.
Logo após o sexo tenho uma grande culpa, um imenso remorso por tudo que fiz para obter aquela transa. Trauma pós-sexo que me consome por algumas horas, no momento que ainda estou extasiado. Depois tudo volta ao normal.
O que eu considero mais grave é o que eu já perdi para conseguir prazer sexual. Lembro que há dois anos eu inventava algumas desculpas no trabalho para poder ter encontros. Isso quando o encontro não era no meu local de trabalho, após o expediente, com toda aquela preocupação de alguém chegar e ver. Preocupação excitante, claro.
Link YouTube | Mulheres viciadas em sexo. Trecho do documentário “Sex the new Milenium Drug”.
Dependentes de amor e sexo anônimos
Mas o pior é saber que a sociedade como um todo repudia e demonstra nojo por pessoas assim, sexualmente viciadas. O que muitos não sabem é que 2% a 3% da população mundial sofre de algum tipo de comportamento compulsivo em relação ao sexo, sendo que 90% desse grupo é masculino. No Brasil, onde não existem clínicas como as dos Estados Unidos, o Projeto Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo é dos poucos a tratar de transtornos da sexualidade, entre eles a compulsão sexual – diagnóstico de pouco mais de 1% dos pacientes.“O período crítico do tratamento dura em média um ano, com atendimento por psiquiatra, acompanhamento psicoterápico e reeducação sexual“, explica a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do projeto.
Para buscar tratamento no Brasil é preciso recorrer para apoios em grupo, já que não há clínicas especializadas como no exterior. Por aqui existe a Sex Addicts Anonymous (Viciados em Sexo Anônimos) com seus 12 passos para a cura. Os passos são os mesmos para tratar os viciados em álcool. Além dos 12 passos, o DASA (Dependentes de amor e sexo anônimos), grupo de auxílio existente no Brasil, também busca passar suas 12 tradições e 12 diretrizes para que o viciado possa ter a melhor forma de tratamento.
Um dos passos que considero mais difíceis de fazer é:
“Fizemos uma relação de todas as pessoas que tínhamos prejudicado e nos dispusemos a reparar os danos a elas causados.” [veja todos aqui]Apesar de tudo que causei, não quero reparar nada. Quero reparar os meus erros comigo. Já é complicado demais assumir pra mim mesmo o problema, não quero ter mais o peso de assumir pra pessoas que convivo com tal compulsão.
Ao ler os 12 passos verá que eles tratam muito da fé em Deus, o que afasta muitos de procurar ajuda. As pessoas com melhores condições partem para o exterior em busca de clínicas de luxo para se livrar do mal.
Link YouTube | Vídeo hilário do HowCast ensinando como saber se você é uma viciada sexual.
Tarados famosos
Foi em uma clínica assim que Tiger Woods foi internado, após assumir publicamente que era viciado em sexo. Além de perder parte dos patrocinadores com toda a sua polêmica, enfrentou a ira de seus fãs, tristes com a notícia de que o cara gostava de sexo mais do que a média. Até entendo, o cara é negro (já imaginam que ele tem um pau acima da média) e ainda gosta muito de sexo? Deus deu doses extras de vida para o cara.Outro astro que “sofre” do mesmo mal é Michael Douglas, que na década de 90 se internou em uma clínica para se tratar da compulsão e colocou no vício a culpa das constantes traições à ex-mulher.
Engana-se quem pensa que só os homens são viciados em sexo e assumem isso. Amy Winehouse é mais uma que entra na lista. Aqui no Brasil, temos o exemplo de Adriane Galisteu:
“Sou de uma família de viciados. Meu pai era alcoólatra, meu irmão drogado, minha mãe viciada em bingo e eu em sexo.”Um dos caras que me fazem levar essa vida adiante pelo papel que faz na série Californication é David Duchovny. Ele interpreta Hank Moody, um cara que sempre está com várias mulheres, um verdadeiro fodidão. Duchovny, na vida real, passou dois meses em uma clínica de reabilitação para viciados. Em uma entrevista em 2008, David chegou a contar que a mulher tinha até desmaiado após uma trepada:
“Estávamos muito ligados e a sauna me animou. Eu me recuperei rápido, já Tea…”
Minha situação atual
Por aventuras assim que eu continuo levando essa vida. Entretanto, não sou esse tipo de cara babaca que você talvez esteja visualizando durante a leitura. Por um bom tempo eu busquei tratamento. Quando mais novo tive acompanhamento psicológico por meses. No ano passado, após pensar em contratar umas putas para saciar minha vontade, voltei a procurar a psicóloga. Não admitia a ideia de ter que pagar por sexo. Ainda não admito.Porém o tratamento não é nada fácil nem rápido como imaginei. Também não vejo problemas de ter qualquer ligação com a religião, tenho uma fé bem forte em Deus. Talvez falte fé em mim mesmo, em querer mudar a situação em que me encontro.
A grande verdade é que eu não tenho realmente ideia do que fazer. Não é ruim continuar como está, não é doloroso demais. Quando realmente for, quando começar a perder dinheiro, perder parentes próximos e amigos, pensarei mais a respeito. Dizem que é só nas grandes perdas que reavaliamos a vida.
Enquanto isso, sigo o meu caminho, com conversas de MSN, strips na web, sexo casual e uma boa dose de loucura.
E ainda cultivo três paixões. Sim, não sou apaixonado por apenas uma mulher, isso já devia ser óbvio. Gosto de três igualmente. Sem tirar nem por. Assim consigo ter uma boa dose de sexo sempre. É claro que nenhuma sabe da existência da outra: não sou um Mr. Catra, não tenho a pica das galáxias. E assim vou vivendo.
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